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domingo, 26 de outubro de 2014

Driblando a falta de água com muita consciência

Olá, como estão?
Como muitos de vocês já sabem, moro em São Paulo e desde o início do ano os níveis de água das represas estão cada dia mais baixos. Minha casa é abastecida pela Cantareira, a que apresenta o caso mais crítico. Hoje está com apenas 3% da capacidade e já usando a segunda cota de reserva técnica.
Minha preocupação com a falta de água não começou hoje, apesar de, com certeza, ter se intensificado a partir de tudo isso. Confesso que imagina a falta de água como algo muito distante de mim, mas hoje já penso muito diferente. Acredito  que estamos nos preparando por uma grande mudança que está por vir e que essa situação é uma preparação para a vida sem água. Talvez seja a oportunidade para muitas pesquisas e descobertas de modos de sobreviver sem (ou com muito pouca água). Eu estou tentando me preparar para tudo isso dia a dia e, mais importante, preparar meus filhos para essa vida. Pode ser que muitos achem um exagero, mas eu não acho. Essa realidade vai fazer muito mais parte da vida deles que da minha. Eles são pequenos e podem sim mudar de hábitos e conviver com a falta de água sem grandes dificuldades. Afinal, as pessoas da minha geração e das anteriores nasceram em um mundo em que a água era farta e o uso dela sem muita consciência e moderação.
O fato é que queremos muitas mudanças no mundo, mas pensamos em mudanças grandes e que quase nunca podemos promover sozinhos. A mudança que eu quero para mim é aquela que começa nas pequenas coisas, dentro da minha casa, da minha família. Nossas vidas pode ser muito melhor se aceitarmos e colocarmos essa mudança em prática hoje, já!
O que vou contar para você aqui hoje é o que dá certo para mim, na minha casa, com minha família. Cada casa tem uma organização e cabe a vocês decidirem o que e como podem implementar ações para colaborar com a redução do uso da água e, acima de tudo, como mudar de atitude e se tornar mais preparado para um futuro próximo.Garanto a vocês que quando começarem a observar mais atentamente o quanto de água é disperdiçada dentro da sua casa, você vai ficar chocado.

Meu bairro fica diariamente sem água por um longo período. Algumas vezes passamos dois ou três dias sem água. Minha casa tem uma grande caixa de água (2000 litros), mas mesmo assim, economizo. Fico extremamente triste em ver vizinhos lavando carros com a mangueira, lavando a calçada  e o quintal com mangueira (sério!) e mais ainda com pessoas com a filosofia de "eu pago minha conta e uso como e quanto quiser". Não é bem assim. Pagamos pelo fornecimento de água, mas ela não nos pertence. A água é um recurso natural que, apesar de ser inicialmente considerada renovável, cabe à natureza essa renovação e, uma vez que o homem vem interferindo cada vez mais nos espaços naturais, a resposta da natureza também é diferente daquela esperada. Ou seja, o homem interfere na natureza e ela, por sua vez, muda sua resposta: sucumbe a chuva. Não podemos apenas acreditar que a chuva virá e que esse problema estará assim resolvido. Pelo contrário! Mesmo que chova mais de 3 meses diariamente (impossível), a represa provavelmente não voltará mais ao seu histórico inicial. Também não podemos apenas colocar em Deus toda a responsabilidade de resolver esse problema. Sem entrar em méritos religiosos, apenas posso dizer que a responsabilidade de resolver essa situação agora é do homem, com a inteligência dada por Deus.




Meta de redução da Sabesp

Desde que os níveis das represas ficaram críticos, a Sabesp (companhia de abastecimento de água aqui em são Paulo) junto ao governo do nosso estado, estipularam a cada consumidor uma meta de redução de 30% do uso da água, baseado no consumo dos últimos 12 meses. Minha média de gasto era de 16m3 e a meta de redução foi estipulada em 13m3. Nos primeiros três meses, eu cheguei bem perto da meta: 14m3. Porém, confesso que não tinha feito muito para reduzir esses números ainda mais.
A partir do quarto mês, eu me desafiei a cumpri-la e, para isso, tomei algumas medidas que, de fato, me dão mais trabalho, mas quero incorporá-las à minha vida para sempre. Não só pelo bônus oferecido pela Sabesp por ter cumprido a meta (30% de desconto na conta de água), mas principalmente para que minha consciência fique em paz e para que meus filhos vejam e cresçam com esses hábitos.


Minhas ideias para reduzir o consumo

1- Reaproveitar toda a água da lavagem de roupas na máquina
Toda a água que sai da máquina, eu reservo. A água da lavagem e do primeiro enxágue, eu reservo para lavar o quintal uma vez por semana e para jogar na descarga. Abolimos completamente a descarga por aqui. Usamos apenas o balde. A água do segundo enxágue, eu uso para lavar a próxima remessa de roupas e, depois, também uso descarga ou lavar o chão da cozinha. Só lavo roupas quando tenho onde armazenar a água e vou juntando a roupa para que a máquina seja usada na capacidade máxima.
2 - Reservar a água do banho do bebê
Como o Heitor ainda toma banho na banheira, toda a água do banho dele também é reservada para reutilização em limpeza e descarga.
3 - Utilizar um balde embaixo do chuveiro durante o banho
Enquanto tomamos banho, deixamos um balde embaixo do chuveiro para pegar um pouco da água que cai do chuveiro. Essa água também é aproveitada na limpeza e na descarga.
4 - Utilizar a água do aquário e da lavagem das verduras e frutas para aguar as plantas
Temos um aquário e trocamos parte da água uma vez por semana. A água que tiramos do aquário e que lavamos as frutas e verduras serve para aguar as plantas. Além de economizar água, as plantas agradecem pois essa água tem nutrientes que funcionam como adubo.


5 - Reaproveitar a água da lava-louça
Só uso a lava-louça bem cheia. Já falei sobre as vantagens da lava-louças aqui e posso garantir que lavar louças à mão, gasta muito mais água. A água que sai do enxágue da louça da máquina, eu coloco em uma bacia e aproveito para a própria limpeza das louças que não podem ir à máquina (na verdade até podem, mas eu não gosto de colocar: panelas e plásticos).
6 - Deixar a louça de molho
Parte da água que reservo da lava-louças, coloco em uma bacia grande e nela vou colocando as louças sujas enquanto vou fazendo a comida e depois das refeições. Isso ajuda a amolecer as sujeiras e, dessa forma, eu não preciso limpá-las para colocar na lava-louça e gasto menos água para lavar as panelas.
7 - Dar preferência ao uso do balde, rodo e pano sempre que possível
Quando não tenho água para reaproveitar na limpeza, não lavo banheiros, cozinha e nem quintal. Opto pelo uso de um balde com o mínimo de água e o rodo. Além disso, utilizo mais produtos de limpeza para fazer a limpeza pesada.
8 - Não lavo o carro
Sim! Meu carro está sem tomar banho desde o início do ano. Eu aspiro semanalmente e passo um pano úmido por dentro para tirar a poeira do painel. Por fora, fica sujo! Inclusive, em São Paulo, temos a campanha não chove, não lavo. Saiba mais sobre ela aqui.



Carro é bem material. Se ele ficar sujo, não vai ficar doente. Há maneiras de mantê-lo limpo sem levar ao lava-rápido. Vejam essa ideia de limpeza com o mínimo de água:
Lavagem do carro ecologicamente correta
9- Reservar água da chuva (quando ela raramente vem)
Coloco baldes no quintal para captar a água da chuva que pode ser usada na limpeza e nas descargas também.
10 - Tomar apenas um banho por dia e bem mais rápido
Sim. Com um único banho ao dia é possível manter a higiene pessoal. Dou banho nas crianças à noite para que estejam limpas para brincar e ir para a escola pela manhã. Os banhos ficaram muito mais curtos também.
11 - Deixar um frasco de álcool gel no banheiro
Quando estamos sem água da rua, usamos o alcóol gel para higienizar as mãos. Além disso, a lavagem das mãos pode ser mais rápida e finalizamos a higiene com o álcool gel.
12 - Escovar os dentes com a torneira fechada ou usar um copinho para enxaguar a boca
Para as crianças, o copo é a melhor solução. Eles fazem menos sujeira e desperdiçam menos água.
13 - Fechar o registro de água
Os registros de água dos banheiros ficam fechados. Só abro no momento do banho porque se ele fica aberto, às vezes esquecemos e damos descarga ao invés de jogar a água reaproveitada do balde. Os baldes já ficam cheios nos banheiros. Cada vez que usamos um balde, já enchemos novamente e colocamos no lugar para que o próximo possa usar.


Alertas

Ao armazenarem água em balde, não esqueçam de TAMPAR. Os recipientes com a água precisam estar bem fechados para evitar que o mosquito da dengue se prolifere. Afinal, em água parada eles se reproduzem rapidamente. Todos os meus baldes ficam dentro de casa, mas mesmo assim fecho. Se forem colocados do lado de fora, os cuidados devem ser ainda maiores. Cuidado para não "resolver"um problema, e criar outro tão grave quanto.
Cuidado com as crianças pequenas! Elas podem se afogar dentro dos baldes com água. Mantenha-os fechados e longe do alcance delas. 

Dicas da Sabesp

Dicas da Sabesp para reduzir o consumo de água

Considerações

Claro, meus caros leitores, que mesmo com todas as essas atitudes, o problema da água não será solucionado, mas elas garantem uma mudança de atitude e é isso que precisamos por hora. Aos poucos, iremos substituir nossos velhos hábitos por outros mais sustentáveis. Tenho esperança que todos iremos passar por essa situação e sairemos dela melhores do que éramos antes. Faço minha parte e tento conscientizar quem ainda não quer ver a gravidade do problema, pois acho impossível manter-me indiferente à tudo isso. Tenhamos modos ao falar. Sem ofender, apenas conscientizando e não julgando. A cosnciência de quem não acha que está errando não dói. A minha dói se eu não falar toda vez que vejo alguém desperdiçando. Quem sabe quando eu falo a pessoa desperta para a realidade? Não sou a dona da verdade e nem sou perfeita, mas se quero a mudança, preciso promovê-la!
Conto com cada um de vocês nessa missão de propagar a consciência!
Espero que as dicas sejam úteis e se tiverem outras, por favor, compartilhem comigo. Estou disposta a colocá-las em prática já!

Grande beijo!
Carol

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