Olá, queridas e queridos leitores!
Como estão?
A história que vou contar para vocês hoje é minha. Resolvi compartilhá-la com todos, pois acredito que possa ajudar muita gente (assim espero). Para situá-los melhor, tenho 32 anos, sou mãe de dois meninos (2 e 7 anos), casada, professora de inglês/português por formação e atualmente trabalho como escritora de material didático.
Depressão é doença
Muitas pessoas acham que depressão não é doença. Acham que é corpo mole, frescura, doença de rico e muitas outras coisas pejorativas, que dispenso comentar. Mas o fato é que só quem já passou por isso ou acompanhou muito de perto um depressivo sabe como essa doença é grave e, quando não é bem tratada, pode sim levar ao suicídio. Inclusive, tivemos um caso de suicídio por depressão em minha família recentemente.
O fato das pessoas ao redor de um depressivo não o considerarem doente agrava e dificulta muito o tratamento e a cura. Então, se conhecem alguém ou você mesmo tem os sintomas da depressão, procure ajuda de um psiquiatra e de um psicólogo.
Minha história
Tudo começou em 2007 quando engravidei do meu primeiro filho. Minha gravidez ia bem até por volta de 30 semanas, quando entrei em trabalho de parto prematuro devido a uma doença chamada Incompetência Isto Cervical (IIC). Por conta disso, fui afastada do trabalho e fiquei em repouso absoluto em casa tentando evitar que meu filho viesse ao mundo muito antes do tempo. Isso mexeu demais comigo. Eu passava os dias sozinha em casa, com medo de que algo pudesse acontecer e acho que foi ali que tudo começou. Quando ele nasceu, os dias foram difíceis com a amamentação e os cuidados. Eu ficava sozinha com ele e aos poucos fui me fechando no meu cantinho. Não queria sair de casa, pois tinha medo que ele chorasse e eu não saberia o que fazer. Na época de voltar ao trabalho, as coisas ficaram mais complicadas. Eu não aceitava deixá-lo com outra pessoa. Então, fui atrás de um médico, mas não porque achava que eu precisava de ajuda, mas porque eu queria um atestado para não voltar a trabalhar. Queria cuidar do meu filho! Foi quando conheci a Dra. Débora, psiquiatra e terapeuta. Ela prontamente me atendeu e concedeu a licença, porém me "obrigou" a me tratar. Ela nunca mencionou o termo depressão, mas hoje sei que era isso que eu tinha. Não tomei medicamentos. Apenas fiz terapia por um tempo e isso, de fato, me ajudou muito. Mas quando percebi a melhora, abandonei o tratamento e voltei a trabalhar.
O tempo foi passando e os episódios de medo, tristeza, apatia iam e vinham. Fui convivendo com eles. Achando tudo normal. Em meados de 2008, eu tinha dois empregos e em um deles (escola pública) eu vivia um grande desafio com os alunos. Tinha medo de ir trabalhar, chorava muito. Fui novamente em busca de um psiquiatra, pois queria ficar afastada da sala de aula. Ele não me afastou, mas me diagnosticou com depressão e me passou remédios. Indicou-me a terapia novamente. Comecei com os remédios e procurei a psicóloga, que me indicou que parasse com os remédios (um erro), pois eles eram "viciantes". Parei e fiquei com a terapia por um tempo. Logo melhorei um pouco e, novamente, abandonei a terapia.
Confesso que não gosto de terapia. Para mim não funciona. Prefiro que tratar de outras maneiras, mas isso não quer dizer que eu estou repudiando esse tipo de tratamento, muito pelo contrário. Só que para mim, não dá certo.
O tempo passou novamente. Em 2012, engravidei do meu segundo filho. Já sabia que seria uma gravidez de risco por conta da IIC e o repouso iniciou mais cedo. Após a cerclagem (cirurgia para costurar o colo do útero) com 16 semanas, fui afastada do serviço e fiquei em repouso absoluto. Confesso que isso me frustrou um pouco, pois ainda tinha esperanças de ter uma gravidez saudável. Fazer tudo que as grávidas fazem, exibir o barrigão, fazer enxoval, tirar muitas fotos, fazer chá de bebê...mas essa não seria minha história.
Durante esse repouso, muitos fatos aconteceram. Eu tinha um medo constante de perder meu bebê. Dependia muito dos outros para tudo. Só tomava banho 1 x por semana, sentada, muito rápido, com a ajuda do meu marido. Só levantava da cama para ir ao banheiro (e com muito medo). Meu filho mais velho sofreu muito e adoeceu várias vezes. Pegou rubéola e teve que ficar afastado de mim. Isso me trazia muita tristeza. Mas eu estava ali, tentando ser forte e levar tudo até o fim.
Quando meu filho bebê nasceu (saudável e no tempo certo, graças a Deus), o mais velho adoeceu novamente. Teve escarlatina, uma doença contagiosa, e teve que ficar afastado de mim e do bebê por 15 dias. Essa adaptação não foi nada fácil. Além disso, o bebê não dormia durante o dia e acordava várias vezes à noite para mamar. Eu estava esgotada!
Aos poucos, fui percebendo que eu tinha pânico de ficar sozinha em casa com os dois. Não sabia como dar conta de tudo: casa, filhos, marido, etc. Com isso, fui ficando triste, apática, chorona. E esses sintomas foram se intensificando muito. Ficar sozinha com os meninos era horrível. Eu tinha vontade de largar tudo e sumir. Às vezes, tinha vontade de bater nos dois tamanho era meu desespero. Uma choradeira sem fim, deles e minha. Eles choravam porque precisavam de mim e eu chorava porque não conseguia cuidar deles.
Ninguém parecia perceber o que eu estava vivendo. Todos achavam que eu estava cansada apenas e isso também foi um fator complicador. Até quem dia, falei pra minha mãe tudo que eu estava sentindo e ela ficou espantada. A pedido dela, marquei consulta com um psiquiatra. Meu filho estava com 3 meses. Foram 3 meses de grande sofrimento. Eu queria morrer!
Na consulta com o Dr. André Desgualdo (excelente médico), ele detectou a depressão. Como eu amamentava, ele optou por um remédio menos agressivo. Iniciei o tratamento. As coisas não iam bem. Era terrível ficar com as crianças. Eu fui ficando agressiva. Gritava demais, batia no maior, chacoalhava o menor, chorava o dia todo. Tinha vontade de dormir e morrer o tempo todo. As doses dos medicamentos foram sendo aumentadas, mas não parecia surtir efeito. Na época de voltar ao trabalho, não voltei. Fiquei afastada por depressão grave. Depois de alguns meses, queria entregar os pontos. A vontade de morrer era a única coisa que eu alimentava. Me apeguei com os chocolates, coisa que nunca dei muita bola. Engordei 10 quilos. Pedia a Deus para me levar. Muito triste! Cheguei a dizer a meu marido e minha mãe que queria que eles cuidassem das crianças, pois eu ia morrer. Nesse momento, Dr. André conversou com minha família e explicou a gravidade da situação e, só ai, todos entenderam que a depressão é doença grave. Poucas semanas depois, meu primo se suicídou, vítima de uma depressão grave. Isso agravou demais meu caso.
Não posso dizer que vivi durante esse 1 ano, eu apenas sobrevivi. Não me lembro de muita coisa que aconteceu. Não vivi meu bebê crescer, apesar de estar com ele todos os dias. Não sei dizer ao certo como consegui passar por esse momento. Eu estava na terapia, mas não via melhoras. Eu não gostava e não queria ir. Até que meu carro foi roubado e, com isso, eu não conseguia mais ir à terapia e abandonei de vez. Foi um choque muito grande. Eu questionava Deus o tempo todo.
As doses dos remédios aumentavam todo mês. As melhoras eram imperceptíveis ou nenhuma.
Até que uma amiga começou a me passar uns trabalhos de revisão. Obrigada, Cris Martini! Você me ajudou muito! Eu estava muito insegura. Não achava que dava conta, mas ela me motivou. Acreditou em mim. E isso me fez muito bem! As poucos, mesmo sem perceber, fui melhorando lentamente.
No final de 2012, consegui entrar em um projeto bacana como escritora de material didático novamente e isso encheu meu ego. A partir daí, a melhora foi aparecendo dia a dia. Comecei a participar de grupos de mamães e de donas de casa do Facebook e isso também ajudou muito. Na verdade, não me dei conta disso no momento, mas hoje vejo o quão importante esses dois fatos foram. Escrever coloca para fora toda a minha criatividade e compartilhar o dia a dia das pessoas no Facebook me fez ver que eu não estava sozinha em minhas dificuldades com as crianças.
Aos poucos fui recuperando o brilho nos olhos, a vontade de viver. Passei a cuidar mais da minha casa, dos meus filhos e a querer viver e ser feliz. As doses dos medicamentos estacionaram e a terapia não me fazia falta.
Então, criei o grupo OrganizAÇÃO no Facebook e esse blog para poder ocupar minha mente com outras coisas. A interação com minhas amigas e leitoras me fez (e me faz) muito bem. Também continuei trabalhando em casa como escritora e isso me dava muito prazer. Ter o reconhecimento no meu trabalho me fez muito bem. Nem sei dizer se melhorei porque voltei a trabalhar ou se voltei a trabalhar para melhorar. As duas coisas se misturam muito.
Hoje, ainda continuo com os medicamentos e o acompanhamento do psiquiatra, mas posso dizer que já me sinto 99% curada. Eu ficava pensando em como essa "cura"aconteceu pois queria muito compartilhar e, quem sabe, ajudar outras pessoas na mesma situação que a minha. Foi quando uma querida amiga de faculdade, Vivi, postou essa foto e eu encontrei a resposta que eu precisava. Obrigada, Vivi!
O lado esquerdo da foto diz que quando o chacra 6 (que representa a cabeça) está doente, aparece a depressão. Quando ele está saudável, a criatividade desperta. E foi isso que aconteceu comigo. Quando libertei minha criatividade escrevendo meus livros e escrevendo aqui para o blog, eu me curei! Eu também passei a fazer alguns artesanatos aqui em casa e isso também ajudou.
Talvez algumas pessoas não acreditem nisso, mas essa foi a MINHA verdade. Cada um tem que encontrar a sua, mas quem sabe ao ler esse texto você desperte alguma forma de se curar ou de ajudar alguém que sofre com depressão a se curar também.
Meu primeiro pedido é: nunca julgue alguém com depressão. Você não imagina o quanto é difícil viver com ela e, mais difícil ainda, superá-la. Apoie! Ajude! Leve ao psiquiatra, não deixe a pessoa sozinha.
Se você tem sintomas de depressão, não demore a procurar ajuda. Quanto antes iniciado o tratamento, mais chances de cura rápida. Não deixe de seguir as orientações do seu médico.
Eu só poderei deixar os medicamentos daqui um ano, para evitar uma recaída. Não pretendo "descumprir"as orientações do meu médico, pois não quero viver a depressão nunca mais.
Espero, do fundo do meu coração, que todos, assim como eu, encontrem a cura dentro de si. Libertem seu lado criativo. Procurem a felicidade e a cura! Ela existe e pode estar dentro de você! Estou emocionada aqui, escrevendo esse texto. É a primeira vez que falo abertamente sobre tudo o que vive (claro, resumidamente). Foram 2 anos de muita tristeza, mas dias melhores estão por vir. Tenho certeza disso!
Um grande beijo!
Carol
Dr. André Desgualdo - psiquiatra
Rua Tomé de Souza, 130
Lapa - São Paulo - SP
36451877